A MAGIA DA FILATELIA – artigo 05


A MAGIA DA FILATELIA – ARTIGO 05

COMER CARNE NA SEXTA-FEIRA SANTA?

 No Brasil, no final do século XVIII, era inconcebível comer carne na sexta-feira da paixão. Imagine então um padre desrespeitando esta sagrada regra cristã.

A sua Majestade a Rainha D. Maria I, católica fervorosa, ao saber que isso estava acontecendo na Bahia, de imediato mandou o seu Ministro Dom Rodrigo de Souza Coutinho escrever uma carta para que o Governador Dom Fernando Jozé de Portugal tomasse as devidas providências.

Quando isso foi feito?

Foi no dia 4 de outubro de 1798. Como sabemos isso?

Aí está a MAGIA DA FILATELIA. É inacreditável, mas isso acontece.

A seguir apresento a parte frontal de uma carta enviada ao Brasil.

Descrição: 1798 – CARTA SOBRE A REVOLUÇÃO FRANCESA E O SECTARISMO

Carta do Ministro Dom Rodrigo de Souza Coutinho, do palácio de Queluz (4 de outubro de 1798) em nome da Rainha D. Maria I para a Bahia sobre a Revolução Francesa e as suas ideologias contra a monarquia.

O Ministro exige que Dom Fernando José de Portugal, Governador General do Brasil prenda os sectários (incluindo o Padre Francisco Agostinho Gomes) que estão evitando cumprir o jejum de carne durante a semana santa.

DETALHE DA CARTA ONDE O MINISTRO MENCIONA O BANQUETE COM CARNE

Assinada por Dom Rodrigo de Souza Coutinho na parte interna e “Pella Raynha” na parte externa.

A seguir apresento a imagem da parte interna da carta e destaco alguns textos interessantes:

“As principaes Pessoas dessa cidade por huma Loucura incomprehensivel, e por não entenderem os seus interesses, se achão infectos dos abomináveis princípios Franceses, e com grande afeição à absurda pertendida Constituição Franceza que varia cada seis mezes......”.

Na continuação Dom Rodrigo diz que soube que aparecerão tropas Francesas que contariam com o apoio popular.

Em conversa com o Prof. Marco Morel fiquei sabendo que quem estava apoiando a sedição, conhecida como Conjuração Baiana ou dos Alfaiates, era o Capitão e chefe da Divisão das Armadas Navais Francesas, Antoine René Larcher (1740-1808). Para resumir, este personagem pensava em dar apoio aos revoltosos em troca da Amazônia. Descoberta a sua identidade, Larcher foi preso em Lisboa sem conseguir comunicar-se com o Diretório. Sem conter a paciência os revoltosos iniciaram a conjuração que terminou com o enforcamento, em 8 de novembro de 1799, no Largo da Piedade, em Salvador, dos soldados Luís Gonzaga das Virgens e Veiga, Lucas Dantas do Amorim Torres, do alfaiate João de Deus do Nascimento e do quase adolescente Manuel Faustino dos Santos Lira, por crime de sedição (apud István Jancsó e Marco Morel).

A esse respeito existe um trabalho do filatelista e historiador Marco Morel, que juntamente com Istvá Jancsó escreveram em 2007 um artigo denominado “Novas perspectivas sobre a presença francesa na Bahia em torno de 1798. Para saber mais consulte:

scielo.br/pdf/topoi/v8n14/2237-101X-topoi-8-14-00206.pdf

Na carta ainda se lê:

“Entre as pessoas dequem se faz menção, como mais affeiçoadas aos princípios Franceses, he o Padre Francisco Agostinho Gomes homem rico e senhor do Bergantim Amizade que agora sevendeo aqui, e de quem sedis que em Sexta Feira da Paixão dará hum banquete de Carne a que forão convidadas varias pessoas sectárias dos mesmos princípios”.

No final ele pede exemplar castigo a estes criminosos.

Como sabemos esta foi a Conjuração Baiana e quem pagou um alto preço foram.......quem? Os participantes mais humildes citados acima. O que aconteceu, então, aos líderes e intelectuais?

Veja a continuação no artigo A MAGIA DA FILATELIA – ARTIGO 06.

Mantive a grafia da época e espero que consigam ler a carta inteira.

Posso afirmar que a filatelia tem mesmo QUASE TUDO. Este é o mundo mágico da filatelia e que talvez você não conheça.

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