A MAGIA DA FILATELIA – artigo 06
O PERDÃO AOS MAIS AFORTUNADOS
Salvador/Bahia
A mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763, a ideologia da Revolução Francesa, a Independência dos Estados Unidos e as revoltas e a Independência no Haiti foram elementos importantes para a insatisfação do povo na cidade de Salvador e forneceram bons motivos para o início de uma insurreição de caráter “popular”.
A falta e alimentos, uma vez que os latifundiários concentravam os recursos recebidos no plantio de açúcar para exportação, provocaram saques em armazéns, arrombamentos em açougues e até incêndios no Pelourinho.
A conhecida conjuração baiana, também chamada de a Revolta dos alfaiates (ou búzios) demandava:
A abolição dos escravos
A proclamação da República
A diminuição dos impostos (ainda hoje necessárias)
A abertura dos portos
O fim do preconceito (assunto muito atual) e um aumento salarial (até hoje não realizado).
Isso tudo eram demandas impossíveis na época e muitas ainda são nos dias de hoje.
Existem estudos que defendem ter sido este movimento de caráter popular (talvez o primeiro no Brasil) e estudos recentes mostram que na verdade a camada popular foi a que pagou a conta. Os líderes intelectuais, influenciados pelos princípios franceses e ligados a loja Maçônica “Cavaleiros da Luz” foram os artífices desta conjuração. Isso torna-se mais evidente quando vemos que o Capitão Antoine René Larcher lá estava para dar suporte aos líderes e claro estes falavam o idioma francês.
No final pagaram com a vida os soldados Luís Gonzaga das Virgens e Veiga, Lucas Dantas do Amorim Torres, o alfaiate João de Deus do Nascimento e o quase adolescente Manuel Faustino dos Santos Lira, por crime de sedição.
Em 10 de fevereiro de 1792, médicos declararam em documento assinado que a Rainha D. Maria I já não tinha condições mentais de dirigir a nação portuguesa. Dom João se mostrou relutante em assumir a regência e especulava-se que ele teria a mesma condição de saúde que a sua mãe. Isso gerou uma crise que só foi resolvida no dia 14 de julho de 1799, quando finalmente Dom João passou oficialmente a ser Regente.
No dia seguinte, dia 15 de julho de 1799 Dom João assinou um decreto libertando os condenados na Bahia. Em carta escrita no Palácio de Queluz no dia 28 de agosto de 1799 ele avisa o Bispo de Pernambuco a respeito deste perdão.
CARTA DE 28 DE AGOSTO DE 1799 AO BISPO DE PERNAMBUCO COM A INDICAÇÃO “PELO PRÍNCIPE REGENTE”
Na parte interna podemos ler: perdoar livremente “exceptuando os segundo, pela gravidade deles, e convir ao Serviço de Deus e seus Santos: Inconfidencia: Moeda falsa: Testemunho falso: Matar ou ferir, sendo de propósito, sendo com Arcabuz ou Espingarda.”
Apesar da carta ter sido enviada ao Bispo de Pernambuco, D. José Joaquim da Cunha de Azeredo Coutinho, e demais Governadores Interinos daquela Capitania, tudo leva a crer que se trata da Conjuração Baiana.
IMAGEM DA PRIMEIRA PÁGINA DA CARTA
IMAGEM DA SEGUNDA PÁGINA DA CARTA COM A ASSINATURA “PRÍNCIPE”
Mantive a grafia da época e espero que consigam ler a carta inteira e caso algum historiador venha a acrescentar algo eu desde já agradeço.
Posso afirmar que a filatelia tem mesmo QUASE TUDO. Este é o mundo mágico da filatelia e que talvez você não conheça.