AS CORES NOS SELOS POSTAIS BRASILEIROS
Selo 507/21 - cor maravilha Selo 507a/21 - cor maravilha escuro
Cores? Sempre pensei em uniformizar as cores no catálogo de selos do Brasil. Cheguei até a consultar um profissional. Eu já perdi a conta de quantas pessoas nos pedem uma tábua de cores como existe na Alemanha.
RHM sempre foi contra. A resposta dele era sempre a mesma: quem dá nome ao filho é o pai e basta! Assim ele fez na série VULTOS BISNETA DE 1954 A 1964. Esta série ele pode acompanhar e classificar de acordo com o número da chapa. Por isso temos uma profusão de cores com nomes como maravilha, maravilha escuro, etc.
Um dia um cliente achou o selo 648 e mostrou ao meu pai. O colecionador disse: achei esta folha em Salvador (segredo - a borda não tem a inscrição CASA DA MOEDA e por isso podemos certificar o selo isolado) e quero que se chame "groselha". Ele era o pai da descoberta e assim o 648 a - 2,00 é o groselha.
Desta série meu pai comprou 90 milhões de selos. Isso mesmo. 90 milhões (9 toneladas). A coisa toda estava no Rio de Janeiro e ele mandou enviar 9 milhões para São Paulo. Ele queria achar "groselhas" e acabou achando o "tijolo" e como ele descobriu este selo ele chamou-o de "tijolo". É o selo 648 b.
No meio da década de 80 (acho que em 1986) comecei a pensar em fazer um catálogo em cores. Primeiro, fiz isso apenas com os selos do Império e na época tínhamos os fotolitos. Neste período descobri muitas coisas. Por exemplo: O selo de 500 réis Dom Pedro II denteado era classificado como sendo número 29 na cor "laranja" e 29a na cor "laranja avermelhado" e era na verdade um único selo (nuances de cor). A estratégia, para não prejudicar o colecionar, foi diminuir a diferença entre as cotações até que um dia ficou como está: número 29 - 500 réis, laranja e laranja avermelhado. Poderia se dizer “de laranja até laranja avermelhado”.
Nos selos regulares fizemos o exame de milhares de selos carimbados. Os sufixos a, b, etc. só foram utilizados quando dois ou mais grupos distintos de cores foram detectados. No caso de verde a verde escuro, por exemplo, com diversas tonalidades, nós mantivemos um número só, sem sufixo.
Eu não sei como cada pessoa enxerga as cores e acredito que todo mundo vê um pouco diferente. Por isso a questão de cores ficou como está e existe algo de nostalgia e romantismo na filatelia.
O correto seria ter uma enorme coleção de selos novos e carimbados (lavados de várias formas) para poder uniformizar esta questão. Eu prefiro que fique assim, como nós somos (com muitos defeitos).
Peter Meyer