DIA DO SELO


DIA DO SELO

Edital nº 15 de 1976 – Selo RHM C0946 de 01/08/1976

Cada vez que uma criança, em qualquer canto do mundo, se encontra pela primeira vez com um selo postal, ela inicia uma viagem maravilhosa. Às vezes, essa viagem é curta, pois a criança troca-a por outros caminhos, dificilmente mais fascinantes e compensadores. Mas muitas vezes essa viagem é feita através de toda uma vida. É uma viagem que não cansa nem decepciona. É uma viagem mágica, com muito poucas bruxas e com uma legião de fadas.

Estendida sobre um verdadeiro tapete mágico, tão pequeno mas tão aventureiro quanto um   selo postal, a criança vai sendo levada para um mundo que nem sempre poderá na verdade conhecer realmente. Ela decola de seu álbum, no chão de seu quarto, e não se detém mais     nessa viagem fantástica. Visita continentes em que muito provavelmente jamais conseguirá pôr os pés. Conhece países tão diferentes quanto um selo pode ser de outro. Encara personalidades de outras épocas, toma um primeiro contato com eventos e realizações futuras. Aproxima-se de animais mitológicos e de exemplares de fauna e flora que jamais cruzarão seu caminho real. Descobre monumentos e trabalhos do homem que o tempo já destruiu. É uma viagem ao passado e ao futuro, e fascinante em ambos os sentidos.

Principalmente, fica sabendo de tudo o que acontece no mundo, e sem levantar-se do chão do seu quarto. Simplesmente porque viaja, sem pressa nem fronteiras, no tapete mágico do selo postal, essa janela encantada aberta para os mundos.

Com o selo, a criança aprende sempre, sejam as virtudes humanas, como a dedicação, a organização, o raciocínio, a pesquisa, sejam os conhecimentos culturais que assinalam os vencedores dentre os vencidos. E tudo isso lhe acontece sem que ela perceba que está, devagar, aumentando seus conhecimentos e fortalecendo sua personalidade.

É por isso que os pais precisam aproximar seus filhos do selo postal. No mais das vezes, nem será necessário um trabalho de catequese: bastará deixar alguns selos ao alcance dos olhos infantis. Quando estiver acesa a chama da curiosidade e do interesse, então caberá aos pais mantê-la viva, injetando-lhe de vez em quando umas gotas de combustível. Bem cedo a criança saberá abastecer-se sozinha.

Nessa estrada mágica de poucas bruxas e muitas fadas, a criança precisará ocasionalmente de uma bússola. Se os pais não puderem proporcioná-la - porque não colecionam selos - devem encaminhar a criança ao convívio com colecionadores mais adiantados, ou facilitar-lhe o ingresso num clube filatélico. Com apenas esse empurrão, o adulto estará acelerando a criança, uma vez por todas, nos caminhos permanentes da filatelia.                                                                                               

Talvez a adolescência e a maturidade ofereçam outras tentações, menos ou mais válidas, que interrompam a viagem do jovem colecionador. Mas sempre haverá boas possibilidades de um retorno posterior à agradável convivência com os selos - seja porque eIe conseguiu afinal   algumas   horas   de   lazer   na sua vida atribulada, ou seja porque sua vida atingiu uma etapa de mais tranquilidade.

Permanente ou interrompida, curta ou longa, a viagem maravilhosa no tapete mágico do selo postal é uma das poucas coisas sãs e realmente compensadoras que ainda nos restam nestes tempos de prosaica materialidade. Por isso, menino, corra já para o seu álbum. E você adulto, não se esqueça de que lhe cabe iniciar uma criança (seja ou não seu filho) nesse mundo encantado e gratificante da filatelia.

FRANCISCO V. CRESTANA

Colunista filatélico de “O Estado de São Paulo”

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