EXPOSIÇÕES FILATÉLICAS – PRECISAM MUDAR
Imagine, só por um momento, que uma pessoa que desconhece a filatelia, esteja passando por um prédio histórico no Rio de Janeiro e uma placa chama-lhe a atenção: LUBRAPEX 2006 ou BRAPEX 2007.
Curioso, o transeunte pensa: Hum, deve ser legal, um evento da Petrobras ou algum fabricante de óleo combustível.
Entrada FRANCA?
Hum, vou olhar. Ele entra no recinto e vê um monte de quadros dispostos em fila indiana em diversos corredores.
Ao fundo existem pessoas reunidas nos "stands", a maioria com óculos e lentes observando pequenos objetos.
SELOS?
Como assim, pensa ele. Só servem para enviar cartas e agora com a Internet, e-mail isso já era.
Os Correios servem para o envio de pacotes, mercadorias, encomendas, etc.
Ele anda por lá, fica amuado e vai para casa.
Chegando em casa ele fala com os familiares: Gente, andando na cidade entrei numa tal de LUBRAPEX e lá vi um monte de quadros com SELOS... Isso mesmo e depois tinha um grupo animado falando sem parar e olhando outros SELOS.
Falavam termos diferentes, palavras estranhas e quando passei nem repararam na minha presença.
Isso tudo parece coisa de outro mundo, uma montanha de quadros alinhados repletos de pequenos pedaços de papel. É assim que uma pessoa se sente quando entra numa PEX qualquer?
Sim, certamente. Com certeza não será desta forma que faremos a população entender a FILATELIA.
Na BRAPEX 2002 em Salvador não foi diferente. Visitas dirigidas com centenas de crianças de escolas públicas foram levadas por esses corredores e via-se no semblante que desejavam que isso fosse rápido. Como existiam terminais de computadores com jogos, foi ali que a garotada da exclusão digital ficou a maior parte do tempo, disputando uma cadeira para brincar.
BRINCAR, essa é a palavra-chave.
Filatelia também é brincar, mas no computador não havia nenhum jogo FILATÉLICO. Nada tirava a atenção das crianças, só os benditos terminais, com imagens e cores.
Pensei na época: Games filatélicos!!!! Uma saída. Teremos outras? No registro de visitas e jornais filatélicos lia-se: BRAPEX 2000, um sucesso, milhares de visitas.
O Ministério da Mentira em ação, pois apenas um grupo ínfimo sabia o que estava acontecendo. Uma exposição Internacional competitiva, cujo prêmio nem é conhecido pela mídia convencional. Não existe, diria padre Quevedo. São ectoplasmas císticos do mundo transcendental imaginárrrio. Besteira.
ISSO TEM QUE MUDAR
Profissional na área há um bom tempo, já visitei diversas exposições em diversos países. Pude reparar que tudo é parecido, sem imaginação. Não há um bingo filatélico, uma palestra emocionante, jogos infantis, cinema, projeção de slides, DIVERSÃO, sorvete e biscoitos em forma de selo, filigrana, sei lá.
A filatelia é uma brincadeira, uma diversão com pessoas introvertidas, sérias e algumas sem muito humor.
Como podemos estar no ramo do entretenimento, SEM DIVERSÃO?
Numa das primeiras vezes que participei achei estranho não poder adquirir uma cópia xerox em preto e branco, distorcida que fosse para evitar futuras fraudes, de uma determinada coleção.
Eu pagaria pela cópia, mas isso não é possível. Você precisa conhecer o expositor! Pedir um favor! Puxa vida, não é possível abrir um balcão de xerox e pagar por isso?
Guardo em casa o livro proposto pelo expositor, vira referência, consulta.
Não posso ter isso? Não?
Antes de julgar uma coleção não há uma apresentação por parte do proprietário que conhece sua coleção melhor que ninguém e a explica e depois responde às nossas perguntas? Não.
O SIM é um "mantra". Pode-se sentar em uma sala de projeções e ver o ponto alto de cada coleção em "power point" ou outra forma qualquer? Com a gravação das explicações dadas pelo proprietário? Não?
Vai ficar assim mesmo! Terceiro milênio e exposição tipo Arca de Noé?
Você prefere ver um bom filme, tomar um sorvete ou assistir uma palestra filatélica onde o figurão com voz embargada irá ler todas as tabelas de portes de 1843 até 2006 e artigos das Convenções Postais que o Brasil assinou e isso SEM DORMIR durante o longo blablablá?
Impossível.
Será que o espaço utilizado num evento desses não pode ser menor, mais interessante e aconchegante?
Reunir os responsáveis, ter novas ideias, agilizar, modernizar e MUDAR isso tudo JÁ.
Filatelia é laser, entretenimento, diversão. Vamos vender a ideia chamada pelos MARQUETEIROS de plano DANONINHO: É gostoso e faz bem, vale por um bifinho. FILATELIA é diversão, caça, procura, desafio e cultura.
Não é investimento, não valoriza. Diverte, distrai, ocupa e talvez atrase o envelhecimento mental.
Clubes, associações, correios, comércio, colecionadores devem reunir-se e conversar sobre isso tudo e poderemos, quem sabe, provocar uma revolução cultural no Brasil.
Mãos à obra e vamos parar de fazer uma política nociva à filatelia brasileira, para auferir vantagens passageiras e pessoais.
Nós iremos passar sem nada acrescentar?
EXPOSIÇÕES FILATÉLICAS – PRECISAM MUDAR
Por Peter Meyer