FRANQUIA MECÂNICA: COPA DO MUNDO DE 1970
José Paulo Braida Lopes (jpaulobraida@hotmail.com)
No próximo dia 20 de novembro terá início a Vigésima Segunda edição do Campeonato Mundial de Futebol da FIFA, a Copa do Mundo FIFA Qatar 2022. A partir da sexta edição (Suécia 1958) os Correios emitem regularmente selos comemorativos ao evento. Por “questões operacionais” a emissão Copa do Mundo FIFA Qatar 2022 não será realizada. Muito triste para filatelia e para o Brasil em que o futebol é uma paixão nacional.
Já foi muito diferente. Em 1970, ano do tri, a seleção canarinho partiu para o México, acreditada por muitos torcedores e desacreditada por outros, em função do vexame de 1966 na Inglaterra.
Na filatelia aconteceu um caso bem curioso com a utilização de duas frases em franquias mecânicas, contado pelo jornalista Francisco Crestana, em sua coluna “Filatelia” do jornal “O Estado de São Paulo” do dia 23 de março de 1975.
FILATELIA CURIOSA: O “CANECO” DE 1970
Ainda faltavam uns dois meses para o início da Copa do Mundo de 1970, no México. No Brasil, havia uma descrença generalizada quanto às possiblidades de conquistarmos o tricampeonato e, com ele, a posse definitiva da Taça Jules Rimet (que os cariocas batizaram irreverente e carinhosamente de “Caneco”). De repente, as cartas remetidas do Rio de Janeiro passaram a exibir uma obliteração mecânica confiante, de torcedor desassombrado, que simplesmente dizia: “Vamos Buscar o Caneco”.
Assim mesmo, sem a paixão de uma exclamação nem a dúvida de uma interrogação. Uma frase terminante, de fé robusta, que a muitos pareceu temerária. Ninguém até hoje revelou quem teria sido o “pai da ideia”, dentro da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. O certo é que o plano foi submetido ao presidente da ECT, na época o Dr. Haroldo Correa de Matos, e ele não titubeou em aprová-la.
Pois no dia seguinte à grande conquista do México, já as cartas se carimbavam mecanicamente com a frase, igualmente singela, igualmente sem exclamações: “O Caneco é Nosso”.
O fato foi patrioticamente explorado pelos filatelistas brasileiros que se correspondiam com colecionadores do exterior. Pequenas “vinganças” não puderem ser evitadas... O colunista, por exemplo, que é amigo de longa data do jornalista inglês Kenneth Chapman, editor do semanário “Stamp Collecting”, não quis perder a oportunidade de “reabilitar o Brasil, diante da plateia britânica, pelo “papelão de 1966”. Uma notícia circunstanciada foi àquela publicação especializada, documentando-se a história com sobrecartas circuladas antes e depois da vitória no México.
Pois o inglês Chapman, com a classe inconfundível de sua raça, não teve pejo em passar o competente recibo. Publicou a nota integral, reproduziu os dois carimbos e ainda redigiu um pequeno preambulo, onde confessava seu desnorteamento com a capacidade de vaticínio do Correio Brasileiro....
Naquela oportunidade, os Correios estavam atentos para incentivar os jogadores e a torcida brasileira, criando frases para serem utilizadas nas correspondências que eram franqueadas mecanicamente.
A nota publicada na revista “Stamp Collecting”, número 114 de 13 de agosto de 1970 é reproduzida acima.
ABAIXO: Envelope postado no dia 3 VII 70 (12 dias após o tri da seleção brasileira), na agência Central e destino ao bairro de Copacabana, na mesma cidade do Rio de Janeiro. Franquia Mecânica Classificação Mário Xavier Jr. = 15D.
Envelopes com a franquia mecânica e a frase “O CANECO É NOSSO” - item do site www.oselo.com.br
ABAIXO: Envelope postado no dia 15 VII 70 (24 dias após o tri da seleção brasileira), na agência Central do Rio de Janeiro e destino a cidade de Porto Alegre no Rio Grande do Sul. Franquia Mecânica Classificação Mário Xavier Jr. = 15D
site:selosdobrasil.forumeiros.com
O Catálogo de Carimbos Comemorativos Zioni-Soares, classifica o carimbo mecânico com a frase “O CANECO É NOSSO” (cor vermelho) com o número 1527X.
A franquia com a frase “VAMOS BUSCAR O CANECO”, está classificada no Catálogo de Carimbos Comemorativos Zioni-Soares (cor vermelho ou preto) com o número 1523X