Há coisas que o dinheiro não pode comprar


Há coisas que o dinheiro não pode comprar

Esta frase utilizada por uma operadora de cartões de crédito passou a ser utilizada em muitas ocasiões.

Os filatelistas e colecionadores, entretanto, já a conhecem há muito tempo.

Estudar um assunto, encontrar a peça que falta, montar a sua coleção seguindo um plano preestabelecido (que vai mudando) é assim. Um prazer que o dinheiro não pode comprar. O dinheiro compra uma peça ou impede que possamos melhorar o nosso acervo.

E7443-1736-O PRIMEIRO RECIBO DE CARTA CONHECIDO

4 de agosto de 1736 – Recibo do Sr. Braz Gomes de Oliveira, em que declara haver recebido uma carta do Capitão Manuel de Barros Guedes sobre a quitação de um débito de 600$000. Linguagem barroca no recibo mais antigo conhecido. Antes do surgimento desta peça um recibo de setembro do mesmo ano, parte da coleção Benevides, era o recibo mais antigo conhecido.

É claro que para ter boas peças é preciso ter dinheiro. Porém sem saber e ser ter o conhecimento não adiante ter apenas o dinheiro. É preciso conhecer e desejar.

O prazer de achar e comprar uma peça e logo depois já olhar a seguinte é que é colecionar.

Uma vez esgotada a coleção ou por falta de ofertas ou por que as peças são muito caras faz você traçar novos objetivos.

Foi assim que aconteceu comigo. Montei uma coleção de pré-filatelia brasileira. Um desafio e tanto, lembrando que não temos mais de 300 carimbos diferentes e que uma boa coleção de exposição deve ter cerca de 240 peças diferentes. Foram anos de busca, alegrias e perdas e finalmente ela está bem. Poderia ser melhor, claro, mas isso nem sempre é possível.

Para relaxar um pouco segui um conselho. Fazer uma coleção de pré-filatelia francesa. As peças são comuns, baratas e logo você terá tudo.

Fui estudar um tipo de carimbo e optei pelo linear com o número do departamento ao qual a cidade pertence.

PRIMEIRA COMPRA

Alguns pré-filatélicos e um catálogo.

E4551-1790-CARTA PRÉ-FILATÉLICA DE BAYONNE A BORDEAUX

1790 – Sobrecarta pré-filatélica completa de Bayonne para Bordeaux com marca linear BAYONNE em preto e ainda com o emprego do calendário gregoriano.

Estudei as origens dos departamentos e logo percebi que eram muitos. Faltava-me o de número 9 e só ele. Eu não conseguia um exemplar até que um dia achei um lote com três exemplares do número 9. Qual não foi a minha surpresa quando descobri algo evidente, óbvio. Com a Revolução Francesa as cidades que lembravam SANTOS CATÓLICOS ou a FAMÍLIA REAL haviam mudado de nome. Quando Napoleão I assumiu o comando do país muitas cidades voltaram ao nome original, outras não.

Desta forma São Malo (Saint Malo) virou Porto Malo (Port Malo) e depois voltou a Saint Malo.

Mais um novo campo de pesquisa e a Ilha Bourbon virou Reunion e não voltou ao nome original. Tratava-se agora de conseguir todas as peças com 3 nomes diferentes. Mais um desafio que o dinheiro ajuda mas não resolve.

Estudando o assunto um pouco mais descobri que o Império Francês na era Napoleônica era enorme. Claro, pois ele conquistou boa parte da Europa e com isso surgem as sobrecartas com carimbos dos departamentos conquistados (vai até o número 132). Assim sendo, por um período de tempo Hamburgo, Milão e Roma fazem parte do sistema postal francês e recebem um carimbo linear.

A história não para por ai, pois antes destas cidades tornarem-se parte da nova e grande França houve guerras e conquistas, mortes, etc. Surgem as cartas de campanha, de soldados e da denominada Grande Armée.

É justamente este crescimento que faz com que algumas pessoas (na maioria das vezes cultas) colecionem. Agregam conhecimento tendo ao lado documentos originais da época. Foi assim que resolvi aprender o idioma francês para conseguir ler as mensagens do passado de forma a acrescentar conhecimento e novas peças no futuro.

Formas de Pagamento