MAMULENGADA


MAMULENGADA

Um neologismo filatélico 

Para a maioria das pessoas, a palavra SELO lembra Correio.

Filatelia, entretanto, é um termo muito estranho para todo aquele que não coleciona ordenadamente selos postais.

Por isso é freqüente alguém que nos visita pela primeira vez dizer: É, eu sou apenas um colecionador amador. Compro somente os selos comemorativos no próprio Correio.

Ah! E quando o valor facial de uma selo é baixo, compro logo uma folha inteira. Quem sabe daqui a 100 anos estes selos valerão muito dinheiro!

Puro engano. Existem selos com mais de 100 anos e que até hoje não valem quase nada. O nosso cliente, que também é um colecionador amador, já sabe disso há muito tempo e procura adquirir apenas um exemplar de cada. Estas pessoas, que foram orientadas por profissionais da área filatélica, não costumam cometer o que chamamos de mamulengada.

Mas como assim, diz a pessoa com muita curiosidade?

MAMULENGADA?!

O que vem a ser isso?

Vou contar uma história, um pouco longa, mas muito interessante:

Um excelente advogado do Rio de Janeiro, também filatelista, acionou juridicamente uma gigantesca empresa, numa causa trabalhista, e foi vitorioso. A empresa em questão teve que ser vendida a uma multinacional, para viabilizar os pagamentos dos beneficiários e do advogado.

Proprietário então de uma considerável some em dinheiro, este advogado resolveu aplicar estes recursos em seu novo empreendimento: a filatelia.

Estimulado pela gigantesca valorização dos selos postais dos anos de 1972/1973, bem como pela propaganda enganosa realizada na época pela televisão, que prometia uma enorme valorização dos selos postais comemorativos, o astuto advogado resolveu ser o dono único de uma emissão postal do Brasil.

Escolheu uma série muito bonita, composta de três selos comemorativos, emitida em 20 de agosto de 1976 e que homenageava o teatro Popular no Brasil (Catálogo de Selos do Brasil nº C-948/50).

São os famosos mamulengos, cuja emissão foi de 1 milhão de exemplares de cada valor, totalizando 3 milhões de selos.

O mais novo milionário da filatelia fez alguns cálculos aritméticos e concluiu ser necessário associar-se a um capitalista para poder arrematar a emissão completa, pois sua grande fortuna não era suficiente.

Isso não foi problema. Convidou um grande amigo para a realização desta grande empreitada. Só haveria um problema. Era necessário, para adquirir a emissão completa, diversos compradores espalhados pelo Brasil, pois os selos seriam distribuídos pelos guichês filatélicos em todo o território nacional.

Uma vez resolvida esta questão através da contratação de diversos compradores, o próximo passo foi agir. A enorme empreitada, segundo a sua análise pessoal, tinha sido um sucesso. Conseguiu adquirir quase a totalidade dos selos emitidos. Era quase o dono absoluto de uma emissão postal brasileira.

O que ele não sabia era o grande poder da palavra QUASE, na filatelia. O pequeno percentual da emissão vendida aos colecionadores, tinha sido suficiente para suprir a demanda de nosso pequeno mercado.

O que ele conseguiu, isto sim, foi que estes belos selos, quase não circulassem, levando mensagens da filatelia.

Desde então, estas compras, sem pé nem cabeça, são chamadas de MAMULENGADAS FILATÉLICAS.

Como ficou o advogado, perguntou o colecionador amador?

Ficou pior que antes de vencer a causa trabalhista, com toneladas de selos e com uma dívida com o melhor amigo.

E VOCÊ? COSTUMA VISITAR UMA AGÊNCIA DOS CORREIOS PARA MAMULENGAR?

Compra selos modernos (após 1940) em quantidades ou UM EXEMPLAR apenas o satisfaz.

Pense nisso e compre selos antigos, com qualidade e certificados de garantia.

Formas de Pagamento