O Syndicato Condor-Preponderante na Aerofilatelia do Brasil


O Syndicato Condor Preponderante no Contexto da Aerofilatelia do Brasil

A história do Syndicato Condor Limitada é a história pioneira do serviço postal aéreo no Brasil, desde os primeiros tempos da instalação da infra-estrutura da aviação comercial no país. Esse período, de 1927 a 1930, de extrema relevância aerofilatélica, coincide com aquele em que o Syndicato Condor esteve autorizado por Lei a emitir e a usar os seus próprios selos para recolher as tarifas aeropostais que lhe eram devidas.

O FUNDAMENTO LEGAL – Nos primórdios da aviação comercial no Brasil, o Governo Federal foi autorizado, por deliberação do Congresso Nacional, expressa no artigo 19, da Lei 4.911, de 12 de janeiro de 1925, a regulamentar o serviço aéreo no pais, quer para linhas internacionais, quer para as interiores.

A autorização conferida pelo poder Legislativo incluía a licença para o Governo contratar o transporte aéreo de correspondências postais a companhias particulares, sendo que as companhias assim contratadas poderiam emitir selos próprios, previamente aprovados pelo Diretor Geral dos Correios, para o fim de arrecadar, diretamente dos usuários, as taxas a elas devidas, segundo tabelas elaboradas pelo poder público.

Carece, portanto, de qualquer fundamento, o não reconhecimento dessas emissões por alguns editores de catálogos filatélicos ou a prática de outros de classificá-las como "não-oficiais" ou "semi-oficiais".

 

O famoso envelope Pelotense – Condor Syndikat, 28  de março de 1927, Pelotas para Porto Alegre: 1° vôo regular com transporte de mala postal. Franquia aérea por um Carimbo Triangular de 1$300 réis. 1° Porte (até 500 km); 1° peso (até 20g).

O PRECURSOR: CONDOR SYNDIKAT UMA EMPRESA ALEMÃ

Atraído ao Brasil e convencido por Otto Ernst Meyer, empresário alemão radicado em Porto Alegre, da viabilidade do seu pioneiro projeto de criação de uma empresa aérea no país, o Condor Syndikat decidiu associar-se ao empreendimento. Para o projeto, Meyer já dispunha de incentivos fiscais garantidos pelo Governo do Rio Grande do Sul e de certo apoio financeiro por parte de dez investidores locais.

Coube, assim, ao Condor Syndikat, ao amparo da nova legislação, solicitar e obter a primeira concessão para atuar no Brasil. Pelo Aviso n°60/G, de 26 de janeiro de 1927, Ministério da Viação e Obras Públicas, ele foi autorizado, pelo prazo de um ano, a exercer o tráfego aéreo, por meio de hidroaviões, em três linhas:

a) entre Rio de Janeiro e a cidade de Rio Grande, com escalas em Santos, Paranaguá, São Francisco e Florianópolis;

b) entre Rio Grande e Porto Alegre, com escala em Pelotas;

c) entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, com poderes para estender essa rota até Montevidéu, caso obtivesse consentimentos do governo uruguaio.

Cabe assinalar que o Condor Syndikat, companhia alemã, fundada em Berlim, em 1924, não era no país de origem uma empresa operadora de transporte aéreo, mas sim um fornecedor de equipamentos aeronáuticos e serviços correlatos. Representava os interesses das instituições germânicas do setor, atentas ao imenso potencial do mercado que se abria no continente americano, o que lhes propiciaria, além do mais, alocar recursos humanos e desenvolver tecnologias de ponta para atuar sob condições tropicais.

 A vinda do Condor Sydikat ao Brasil foi proscedida por experiência que realizou, em agosto e setembro de 1925, na América Central, com um ambicioso projeto de implantar o tráfego aéreo na região e de conseguir do governo dos Estados Unidos autorização para estender uma  linha até aquele país. Ante a recusa norte-americana, os vôos experimentais foram suspensos e os aviões levados de volta à Alemanha.

Isso por pouco tempo, entretanto. Logo em seguida, o Condor Syndikat novamente dirigiu o seu interesse para a América, desta vez para o sul do continente, Montevidéu e Buenos Aires, aonde os aviões chegaram, em novembro de 1926, por via marítima, para demonstrações. Contudo, como o destacado acima, quis a história que o Condor Syndikat acabasse optando por operar no Brasil.

Obtida a concessão para atuar no Brasil, o Condor Syndikat assumiu na associação com o grupo Meyer o compromisso de estabelecer com o hidroavião tipo Dornier Wal, então batizado com o nome de Atlântico, um serviço aéreo regular na Lagoa dos Patos, entre as cidades de Rio Grande e Porto Alegre, com escala em Pelotas. O acordo assinado determinava ainda que, tão logo fosse fundada a companhia aérea brasileira projetada, a linha da Lagoa dos Patos passaria a ser por ela operada e o hidroavião Atlântico incorporado ao seu patrimônio, como forma de integralização da participação acionária do Condor Syndikat. Essa nova empresa viria a se chamar Sociedade Anônima Empresa de Viação Aérea Rio Grande – VARIG.

 

Primeiro vôo regular para o Rio de Janeiro e Primeira Conexão Condor para a Europa-Condor Syndikat: Vôo de 21 de maio de 1927. Carta remetida de Porto Alegre para a Alemanha, por via aérea Condor até o Rio de Janeiro, de onde seguiu para a Europa por navio de carreira. Franquia aérea por 2 Carimbos Triangulares: um de 1$300 Réis e outro de $700 Réis, perfazendo 2$000 Réis do 2° Porte (500 a 1500 km); 1° Peso (até 20g).

Entretanto, vislumbrando horizontes muito mais amplos, o Condor Syndikat não se ateve apenas aos limites regionais da linha da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, objeto do seu acordo com o grupo Meyer.

Simultaneamente, solicitou ao poder concedente, o Governo Federal, linha pelo litoral sul do Brasil, até o Rio de Janeiro. Essa linha, que seria o embrião de uma futura atuação de âmbito nacional e continental, além de caminho aberto para a Europa pelo porto de Rio de Janeiro, estava destinada pelo Condor Syndikat a ser transferida, tão breve quanto possível, ao SYNDICATO CONDOR LIMITADA, empresa brasileira a ser por ele criada e que o sucederia.

Segundo a estratégia então elaborada pelo Condor Syndikat, as duas empresas, VARIG e SYNDICATO CONDOR, não seriam concorrentes e sim complementares, ficando o atendimento ao mercado regional do Rio Grande do Sul a cargo da primeira e o nacional e internacional para a segunda.

Assim foi idealizado e melhor executado. Em 26 de janeiro de 1927, conforme já referido, o Condor Syndikat obteve autorização governamental para atuar no Brasil, na forma que requereu. A 22 de fevereiro do mesmo ano, tiveram início os vôos regulares na rota da Lagoa dos Patos, ainda sem o transporte de correspondência. Em 28 de março de 1927, foi realizado o primeiro vôo regular no Brasil com transporte de mala postal, entre Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre. A 20 de maio de 1927 partiu o primeiro vôo de Rio Grande para o Rio de Janeiro, com escala em Porto Alegre e, em 3 de junho, ocorreu viagem inaugural Rio de Janeiro – Rio Grande, e escalas, realizada pelo hidroavião Atlântico.

Em 7 de maio de 1927 foi fundada a Sociedade Anônima Empresa de Viação Aérea Rio Grandense – VARIG que, a 15 de junho, realizou o seu primeiro vôo regular, assumindo, definitivamente, a operação na linha da Lagoa dos Patos e recebendo em seu acervo a transferência do “Atlântico”.

Finalmente, em 9 de novembro de 1927, o recém-fundado SYNDICATO CONDOR LIMITADA, empresa brasileira, sucedânea da Alemã Condor Syndikat, inicia seus vôos regulares na linha Rio de Janeiro a Rio Grande. A partir dessa última data o SYNDICATO CONDOR assume, de fato, o comando da linha costeira em substituição ao Condor Syndikat, embora o decreto de autorização formal só viesse a ser expedido em 20 de Janeiro de 1928, semana em que expirava o prazo de um ano concedido ao antecessor.

Com as duas companhias, SYNDICATO CONDOR e VARIG, viabilizadas e em plena operação, estava cumprida a missão do Condor Syndikat no Brasil. Estava, também, firmemente cravado o alicerce da aviação comercial no país. E mais ainda, estava armado o braço sul-americano da Deutsche Lufthansa para a disputa mundial com a sua arqui-rival européia, a francesa Lignes Latécoère, que logo depois passou a denominar-se Compagnie Générale Aéropostale – C.G.A.

 

Primeiro Vôo Regular Rio de Janeiro/Porto Alegre: 3 de junho de 1927 – Condor Syndikat : Carta comercial com franquia aérea por 2 Carimbos Triangulares no raro valor de 1$500 Réis cada, perfazendo 3$000 réis, sendo 2$000 réis do 2° Porte (500 a 1500 km) mais o adicional de 1$000 réis do 2° Peso (21 a 40).

O SELO PRÓPRIO -  Entre 17 de março de 1927 e 30 de junho de 1934, período em que vigorou a permissão, apenas três companhias aéreas se valeram da faculdade legal de usufruir selos mandados imprimir e emitidos por elas mesmas: o Syndicato Condor Limitada, no período de 8 de novembro de 1927 a 30 de novembro de 1930; a Sociedade Anônima Empresa de Viação Aérea Rio Grandense – VARIG, de 9 de novembro de 1927 a 30 de junho de 1934; e a Empresa de Transportes Aéreos – ETA & Companhia Limitada, de 17 de junho de 1929 a 20 de fevereiro de 1930.

A regulamentação estabelecida pelo poder concedente permitia que, provisoriamente, por no máximo seis meses, contados da data em que fossem  autorizadas a fazer transporte aéreo de correspondência, as empresas empregassem carimbo, ou outro meio qualquer, para comprovação do pagamento das tarifas que lhes pertenciam. Assim, enquanto, não ficaram prontos os selos encomendados na Alemanha ao Reichsdruckerei (estabelecimento impressor de valores, ao estilo da nossa Casa da Moeda), o Condor Syndikat e a VARIG se valeram dos famosos e muito raros carimbos selos triangulares.

 

Inusitada Alta Franquia por Carimbos Triangulares – Condor Syndikat: Carta comercial do 1° vôo Rio de Janeiro/Porto Alegre, em 3 de junho de 1927. Franquia aérea por 3 Carimbos Triangulares, sendo 2 no raro valor de 1$500 réis e 1 de 1$000 réis, perfazendo o alto porte aéreo de 4$000 réis formado: 2$000 réis do 2° Porte (500 a 1500 km) mais o adicional de 2$000 Réis relativo ao 3º Peso (41 a 60g).

O SYNDIKAT CONDOR, UMA EMPRESA BRASILEIRA – Ao se avaliar,  sob o ponto de vista da importância filatélica, os aspectos geográficos, políticos, sociais e econômicos que envolveram a atuação das companhias aéreas particulares na "implementação" e no desenvolvimento da infra-estrutura da aviação comercial no Brasil, prepondera, no contexto  geral da Aerofilatelia brasileira, a posição proeminente do Syndicato Condor Limitada.

Ao contrário da VARIG e da ETA que, naquele período pioneiro, atuaram em âmbito exclusivamente regional, o Syndicato Condor Ltda. nasceu e cresceu marcado por cobertura nacional cada vez mais ampla.

Tendo sede e base operacional localizadas na cidade do Rio de Janeiro, então capital da República, já em fevereiro de 1930, as linhas Condor ligavam de Norte a Sul, ao longo da costa Atlântica, os principais centros populacionais, políticos e econômicos de um país de dimensões continentais.

Nessa época, a linha costeira do Syndicato Condor atendia às seguintes importantes regiões Brasileiras: Rio Grande, Pelotas, Porto Alegre, Laguna, Florianópolis, Curitiba, Santos, São Paulo, Rio de janeiro, Vitória, Caravelas, Belmonte, Ilhéus, Bahia (atual Salvador), Aracaju, Maceió, Recife, Paraíba (atual João Pessoa) e Natal.

Ainda em 1930, no mês de agosto, a Condor partiu em direção ao oeste, até Corumbá, e depois Cuiabá, no Mato Grosso, com linha regular via Santos/São Paulo, começando no Rio de Janeiro.

A expansão para oeste, imediatamente permitiu a criação do correio aéreo Brasil/Bolívia, através do serviço combinado Syndicato Condor Limitada/ Lloyd Aéreo Boliviano, também ela uma companhia de origem alemã. Segundo o convênio, o intercâmbio das malas postais procedentes da Bolívia e do Brasil era realizado em Corumbá/Porto Suarez, na fronteira dos dois países, seguindo  destino na viagens de retorno dos aviões ao Rio de Janeiro, com escala em Santos, e a La Paz, com escala em Santa Cruz, respectivamente.

 O CAMINHO PARA A EUROPA – Somado ao estratégico propósito de crescimento voltado para a integração nacional, através da comunicação aérea, era também prioridade para o Syndicato Condor atender à crescente demanda de um mercado emergente, principalmente no centro-sul do país e nas áreas de mais forte colonização alemã, ávido por melhor qualidade e maior rapidez no intercâmbio postal com a Europa. Do outro lado, idêntica aspiração na Alemanha e países de forte imigração para o Brasil.

A par da conquista do mercado interno, encurtar o caminho Europa/América do Sul, aumentar a demanda por esse caminho e conquistar a sua maior fatia, alvos também da concorrente francesa CGA, eram objetivos sempre presentes na estratégia da Deutsche Lufthansa. O forte fundamento para o elevado investimento que realizou no Brasil por intermédio do Condor Syndikat, inicialmente, e depois pelo sucessor deste, o Syndicato Condor Ltda., braços operacionais e prepostos não declarados da grande empresa aérea alemã.

AS PORTAS DE SAÍDA – Até 20 de março de 1930, o Syndicato Condor utilizou a conexão pelo porto do Rio de Janeiro, mediante serviço combinado com os vapores internacionais de carreira, para remeter à Europa as malas postais que trazia do interior do país destinada àquele continente.

Excepcionalmente, valeu-se também do porto de Santos para essas remessas, sendo raríssimos os aerogramas Condor com essa característica de saída. O trânsito, entre o porto do Rio de Janeiro e o destinatário na Europa, era, até então, de aproximadamente quinze dias.

A inauguração de Linha Norte, em 5 de fevereiro de 1930, estendendo os serviços aéreos Condor até Natal, permitiu que a partir de 21 de março daquele ano, fosse aberta nova e mais rápida alternativa de conexão postal com a Europa.

Por meio de uma operação de translado de malas postais, realizada ao largo da ilha de Fernando de Noronha, entre os hidroaviões Condor e os navios internacionais de carreira Cap. Arcona e Cap. Polonio, o tempo de trânsito para a Europa se viu reduzido de quinze para dez dias, aproximadamente. Ambas as embarcações pertenciam a Companhia de Navegação Hamburg Südamerika (Hamburgo – Buenos Aires) que, na viagem de volta para a Europa transportavam as malas postais até Las Palmas, nas Ilhas Canárias, costa oeste da África, de onde seguiam, via aérea, para a Europa, em serviço combinado com a Deutsche Lufthansa.

 

Cap. Arcona e Hidroavião Condor – 1930: Ancorados ao largo de Fernando de Noronha para a operação de troca de malas postais.

O CONVÊNIO COM O CORREIO ALEMÃO E AS FRANQUIAS MISTAS

Para agilizar e tornar mais rápida a entrega ao destinatário no Brasil da correspondência vinda da Europa, o Syndicato Condor vislumbrou a oportunidade de acertar acordo com o Correio de Alemanha aproveitando o potencial oferecido pela sua linha aérea ao longo do litoral brasileiro.

Com esse propósito, foi firmado com a administração postal alemã convênio aprovado pela portaria nº133, do Ministério da Alemanha, publicado no Amtsblatt (Diário Oficial) nº25, de 26 de março de 1929, com vigência a partir de abril daquele mesmo ano. Em maio, a cidade livre de Dantzig aderiu ao acordo.

Pelo convênio firmado, o remetente na Alemanha, quando da expedição da correspondência para o Brasil, poderia indicar a Condor para realizar o transporte aéreo entre o porto marítimo e o domicílio do destinatário. Além da franquia normal em selos alemães, a opção pelo serviço acima referido pagava porte prévio em selos da Condor, vendidos, afixados e obliterados na Alemanha, em valor correspondente à tarifa do transporte aéreo que seria realizado pela companhia sobre o território brasileiro.

Para melhor caracterizar e bem distinguir a correspondência despachada sob a égide do convênio supra citado, era afixado no envelope, na agência postal de origem, etiqueta retangular verde-amarela, picotada, bilíngüe, em alemão e francês, identificando o serviço contratado, com os seguintes dizeres: “Pelo Serviço Aéreo Condor no Brasil”.

Assim nasceram as belas, raras e famosas “Franquias Mistas Condor”.

 

Convênio postal Condor/Correio Alemão – Franquia Mista: Carta enviada de Hamburgo para Porto Alegre, em 20 de dezembro de 1929. Via aérea no percurso europeu até Marselha, de onde seguiu para o Rio de Janeiro por navio e, daí, para Porto Alegre por hidroavião Condor. Franquia aérea Condor, no valor de 2$000 réis, foi paga com o selo Condor, vendido e obliterado na origem, em Hamburgo: 2° Porte (500 a 1500 km);  1° Peso (até 20g). Etiqueta verde/amarela Condor, colada no envelope em Hamburgo, com dizeres em alemão e francês, indica o serviço aéreo combinado a ser utilizado no Brasil.

AS FRANQUIAS MISTAS DE BORDO DOS NAVIOS – Sendo de nacionalidade alemã as agências postais a bordo dos navios Cap. Arcona e Cap. Polonio, da companhia de navegação Hamburg Südamerika, era também facultado aos seus usuários dispor dos mesmos serviços aéreos no Brasil, garantidos pelo acordo Syndicato Condor/Correio Alemão aos remetentes na Alemanha.

Essa facilidade postal em relação ao Brasil estava à disposição dos passageiros e tripulantes dos dois navios em qualquer etapa do percurso: quer estivessem seguindo em direção ao Norte ou ao Sul. Assim, a opção pelo uso do transporte aéreo Condor, entre o porto de desembarque da mala postal no Brasil e a cidade de destino, era paga em selos da própria Condor, vendidos, afixados e obliterados nos próprios navios. Não foram usadas quaisquer etiquetas indicadoras desse serviço combinado.

Todos os selos, da Alemanha e do Syndicato Condor, que assim reunidos formavam as raras e atraentes franquias mistas de bordo do Cap. Arcona e do Cap. Polonio, eram obliterados pelos característicos carimbos tipo flâmula, que assinalavam a data e identificavam o navio e a companhia de navegação.

 

Convênio Postal Condor/Companhia de Navegação Hamburg- Südamerika-Franquia Mista: Cartão Postal para o Rio de Janeiro postado a bordo do navio Cap. Arcona, em 14 de junho de 1930, na viagem de retorno de Buenos Aires para a Europa. Traslado da mala postal para o hidroavião Condor no litoral de Fernando de Noronha, seguindo, então, via aérea, de Natal para o Rio de Janeiro. Franquia aérea Condor para cartão postal, no valor de 1$000 réis, foi paga com o selo Condor, vendido e obliterado a bordo do próprio navio. Porte ordinário de 15 Pfennig para cartão postal.

AS  FRANQUIAS MISTAS VINDAS PELO ZEPPELIN – Em maio de 1930, foi realizada a primeira viagem do Graf Zeppelin ao Brasil, na linha triangular Europa-América do Sul-América do Norte-Europa. Preparatória para o estabelecimento de um serviço aéreo regular intercontinental, por meio de dirigíveis. Partindo da base de operações em Friedrichshafen, na Alemanha, a gigantesca aeronave, aportou, seguidamente, em Sevilha, Recife, Rio de Janeiro, Recife, Lakehurst, Sevilha e, finalmente, retornou à origem em Friedrichshafen.

Tratando-se o Zeppelin de uma unidade alemã, os preceitos postais do convênio entre o Syndicato Condor e os Correios da Alemanha foram aplicados ao curso e ao processamento da correspondência destinada à América do Sul. Por meio de contrato especial, foi estabelecida a adesão de Dantzig, da Áustria, Liechtenstein, Holanda, Sarre, Suíça e Espanha.

Dessa forma, a correspondência endereçada à América do Sul, para além da cidade  do Rio de Janeiro, porto de desembarque da mala postal, foi franqueada com taxa aérea adicional em selos Condor, vendidos, afixados e obliterados na origem, no montante de 2.000 réis para o Brasil e de 5.000 réis para o Uruguai, Argentina e Bolívia, a cada 20 gramas ou fração. Do Rio de Janeiro, a mala postal trazida pelo Zeppelin foi distribuída pela linha aérea Condor para as demais cidades brasileiras de destino. Para Montevidéu e Buenos Aires, seguiram em um vôo especial e para La Paz, em outro.

O Graf Zeppelin, nessa primeira viagem ao Brasil, trouxe franquias mistas Condor oriundas da localidade de Friedrichshafen, da cidade de Berlin, de Sevilha, na Espanha, e outras, muito mais raras, identificadas pelo carimbo datador e obliterador alemão, indicado de postagem a bordo do próprio dirigível.

 

Serviço Aéreo combinado Zeppelin/Condor – Franquia mista vinda pelo Graf Zeppelin: Carta comercial para Joinville com rara postagem de bordo do Luftschiff Graf Zeppelin, em 19 de maio de 1930. Pelo Zeppelin até o Rio de Janeiro, de onde seguiu via aérea Condor para Florianópolis e, daí , por rodovia para Joinville. Franquia aérea Condor para o Brasil, no valor de 2$000 réis, foi paga com selo Condor, vendido e obliterado a bordo do próprio dirigível. Porte aéreo do correio alemão de 4 Reichsmark. Etiqueta verde/amarela Condor, colada no envelope a bordo do Zeppelin, com dizeres em alemão e francês, indica o serviço aéreo combinado a ser utilizado no Brasil.

O FIM DA CIRCULAÇÃO DOS SELOS CONDOR – Em 29 de agosto de 1930, pelo Decreto n°19.331, o Syndicato Condor obteve permissão do Governo no Federal para estender as suas linhas aos países estrangeiros em geral, caso obtivesse autorização dos respectivos governos.

Essa importante conquista, levou a companhia a não mais utilizar os seus próprios selos, por força das convenções postais que só admitiam o porte internacional por meio de franquias do Correio Oficial de cada país. Em virtude dessa contingência, a Diretoria da empresa decidiu pela data de 1 de dezembro de 1930 para a efetivação da medida de suspender a circulação dos seus selos. Permaneceram válidas, entretanto, até o trâmite final, as correspondências em trânsito, postadas até a véspera.

 

Serviço Aérea Combinado Zeppelin/Condor – Muito Rara Franquia Mista Espanha/Condor: Carta postada em Servilha, para Buenos Aires, em 16 de maio de 1930, vinda pelo Zeppelin até o Rio de Janeiro, de onde seguiu via aérea Condor para Buenos Aires. Franquia aérea Condor para a Argentina, no valor de 5$000 réis, foi paga com selos Condor, vendidos e obliterados em Sevilha. Correto porte do correio espanhol. Etiqueta verde/amarela Condor, colada no envelope em Sevilha, com dizeres em alemão e francês, indica o serviço aéreo combinado a ser utilizado no Brasil.

O APOGEU OPERACINAL – Na década de 30, sempre em colaboração e com o apoio de Deutsche Lufthansa, o Syndicato Condor cresceu e expandiu as suas atividades internas e internacionais. A companhia atingiu o apogeu operacional no período de 1934 a 1940, paralelamente ao crescimento do poderio bélico e econômico da Alemanha, nos anos de glória da ascensão do regime nazista.

Oficialmente inaugurada em fevereiro de 1934, a rede Condor/Lufthansa, já em 1937, cobria regularmente, em apenas quatro dias, os 15.300 quilômetros de caminhada aérea entre Santiago do Chile e Frankfurt, na Alemanha, com dois vôos semanais de ida e volta.

Além de toda a cobertura e, território brasileiro, desde o extremo sul do país até Parnaíba, Floriano e Belém, ao norte, e a Corumbá e Cuiabá, no oeste, essa extensa rede transoceânica para a América do Sul, com pólos em Santiago e Frankfurt, servia Buenos Aires, Montevidéu, Las Paz, Bathurst, Las Palmas, Lisboa e Marselha. Afora uma imensa malha aérea, atendida por conexões a partir desses pontos, mais a ligação direta Frankfurt – Berlim, com irradiação para toda a Europa.

Em 1937, a quantidade de correspondência transportada em cada vôo transoceânico Condor/Lufthansa era de 65 a 70 mil cartas.

A DESFIGURAÇÃO E O FIM – Em 19 de agosto de 1941, pelo Decreto-Lei n°3.523, o Syndicato Condor Limitada teve formalizada a mudança da sua razão social para Serviços Aéreos Condor Limitada, em virtude de legislação Federal do Estado Novo, de 5 de julho de 1939, que tornou privativa das associações profissionais de classe a denominação de Sindicato.

Entre 1941 e 1942, ante o crescente sentimento "anti-germânico" no Brasil, provocado pela repulsa ao nazismo e em represália às hostilidades militares alemãs, atingindo a frota de marinha mercante brasileira, a Condor teve suas operações interrompidas, só retomando as atividades em abril de 1942, desapropriadas, inteiramente nacionalizada e totalmente desfigurada, depois de rompidos e extintos todos os seus vínculos anteriores.

Em 16 de janeiro de 1943, pelo Decreto-Lei n° 5.197, outra alteração na razão social foi homologada, passando a empresa a se chamar Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul Limitada que, em 1975, foi incorporada à VARIG, mediante aquisição do controle acionário pela Fundação Ruben Berta.

Frederico Mendes de Moraes

Artigo publicado na REVISTA DA FEFIBRA

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