Os Selos nos Levam ao Longe – Uma Viagem pelo Mundo contando a História da Filatelia - Paraguai
Os Selos nos Levam ao Longe – Uma Viagem pelo Mundo contando a História da Filatelia
Pesquisador e Organizador: Luiz Gonzaga Amaral Júnior (e-mail: cfcandides@gmail.com)
Publicado originalmente no FILACAP Online 236 – Outubro 2022
Não há limites para se aprender. Sempre existe algo novo sobre o passado ou o presente que atrai a vista e a atenção do ser humano.
E um bom jeito de se aprender é com os selos postais, os mini e, ao mesmo tempo, gigantes porta-vozes da história e da cultura. Vamos viajar com eles hoje para conhecer a história da filatelia no Paraguai?
Paraguai
Série América UPAEP – Símbolos Nacionais – Bandeira e Brasão de Armas. Emissão de 11 de outubro de 2010
O Paraguai é um país que foi habitado inicialmente pelo povo guarani. O primeiro europeu que chegou na região foi o navegador Juan Díaz de Solís (que não se sabe se é de origem espanhola ou portuguesa, mas que trabalhava para a corte lusitana) em 1515. Dez anos mais tarde, quem chega ao território é o português Diego Garcia.
Em 1526, a serviço do rei espanhol, desembarcou no país o navegante italiano Sebastián Gaboto. Após isso, chegaram às terras muitos exploradores espanhóis e também os padres jesuítas (que chegaram no final do século XVI e foram expulsos do território em 1767).
O Paraguai colonial e a Argentina foram governados em conjunto pela Espanha até 1620. Depois disso o país continuou a ser de domínio espanhol até 14 de maio de 1811, quando se tornou independente, com o processo sendo confirmado pelo congresso dois anos depois.
História Postal
Como na maior parte dos países colonizados pela Espanha, o serviço postal no território era feito pelos índios. Só que no caso do Paraguai o serviço era coordenado pelos jesuítas e servia para manutenção e apoio das Missões.
Neste período os delegados do Correio Real, coordenado pela Coroa Espanhola, não conseguiram chegar ao território por questões políticas e sociais. Situação que mudou após a expulsão dos jesuítas.
Uma das primeiras medidas depois disso foi a criação de rotas postais como a “Carrera de la Sur”, instituída em 1769 com o estabelecimento de correios e agências entre as províncias coloniais de Assunção e Buenos Aires.
Já em 1791 foi definida uma nova integração postal, desta vez entre a capital e Villa Real de Concepción, no norte do território, que viria depois a ser chamada de “Carrera da Costa Arriba.
Depois da independência, já no governo de José Gaspar Rodríguez de Francia, iniciado em 1814, as rotas passaram a ser utilizadas para comunicação entre os delegados e os administradores municipais.
E a partir de 1844, no período do presidente Carlos Antonio López, a rede postal do Paraguai se transformou em “serviço público administrado pelo Estado”.
Emissões Postais
A primeira tentativa de emissão de selo postal pelo Paraguai se deu em 1860, quando o presidente Carlos Antonio Lopez solicitou à empresa M Stern de Paris a produção de um selo que trouxesse a imagem de um “leão segurando um bastão com gorro frígio”, também conhecido como “leão sentinela”, que aparece no verso do brasão de armas do país. Entretanto, devido ao alto índice de falsificações o mesmo não entrou em circulação.
Já a primeira emissão oficial, também com a imagem do leão, apareceu em 1° de agosto de 1870, sendo uma série de três selos produzida pelo gravador Roberto Lange, de Buenos Aires.
Quase oito anos depois, em março de 1878, o leão apareceu novamente, mas desta vez com uma sobretaxa no valor de “5” aplicada através de um “carimbo de mão”.
Em setembro de 1879 o selo emitido trouxe uma moldura mais trabalhada, com destaque para os “raios de sol” atrás do leão.
Os primeiros selos fiscais do Paraguai apareceram em 1883. Estes selos traziam a primeira grande mudança de imagem das emissões, trazendo a parte da frente do brasão de armas (com a estrela no centro rodeada por um ramo de palmeira à esquerda e um de oliveira à direita) e o leão ao centro.
Em 03 de agosto de 1884 foi emitida uma série de três selos com a legenda “UNION POSTAL UNIVERSAL” na parte inferior. O país havia se filiado à UPU em 1° de julho de 1881.
Em fevereiro de 1889 a imagem de leão deixou de figurar pela primeira vez, sendo emitidos selos regulares que traziam apenas a parte da frente do brasão.
Em 05 de outubro do mesmo ano aproveitou-se a estampa para se produzir selos para o “Serviço Oficial”, através da aplicação da sobrecarga “OFICIAL 1”.
Em 12 de outubro de 1892 foi lançada a primeira emissão comemorativa do país. O selo celebrava os 400 anos do Descobrimento da América, trazendo a imagem de Cándido Pastor Bareiro Caballero (presidente do país de 1878 a 1880), sobre a qual foi aplicado o carimbo de mão “1492 – 12 DE OCTOBRE – 1892”.
No mesmo ano foram lançados os primeiros selos para utilização no “Serviço Telegráfico”.
Em 1905 saíram as primeiras emissões da série “Leão Sentinela”, com um padrão diferente de impressão, sendo emitidos por “impressão gravada” ao invés do modelo anterior de “litografia”. Elas traziam a imagem do leão com a legenda “Paz y Justicia”, além do “Palácio de los López”, sede do governo paraguaio. Foram emitidos 117 selos desta série entre 1905 e 1910. Destacamos acima dois selos de 27 de janeiro de 1908 que foram impressos para “Serviço Oficial”, com a aplicação da sobrecarga “Habilitado” para uso regular.
Em 02 de janeiro de 1929 foram lançadas as primeiras emissões para uso do serviço de “Correio Aéreo”, com a aplicação da sobrecarga “Correo Aéreo Habilitado” em selos de uma série de 1913.
E para encerrar, apresentamos como curiosidade a série de selos “Campaña”. De 1922 a 1936 foram emitidos 37 selos diferentes, que eram vendidos por agentes para utilização em agências do interior do país. Eram utilizadas emissões da época corrente com a aplicação da sobrecarga “C” para diferenciar dos selos de uso comum. A sobrecarga “C” era de “Campaña”, que significa “Correio Rural”. As imagens acima são de selos utilizados em 1922 (Cinquentenário da Constituição, selo de 1920) e 1931 (Cinquentenário da fundação da cidade de San Bernardino, selo do mesmo ano).
Imagens dos selos utilizados:
Bandeira Paraguai: https://i.colnect.net/b/2373/255/Patriotic-Symbols---Flag-and-Coats-of-Arms.jpg
Emissão Leão Un Real: https://i.colnect.net/b/4723/634/Coat-of-arms-lion.jpg
Leão Dos Reales:https://i.colnect.net/b/4723/665/Coat-of-arms-lion.jpg
Leão Tres Reales: https://i.colnect.net/b/4723/693/Coat-of-arms-lion.jpg
Sobretaxa “5”: https://i.colnect.net/b/4723/824/Coat-of-arms-lion---overprinted.jpg
Leão com nova moldura: https://i.colnect.net/b/7735/903/Indication-Of-Value-In-Reales.jpg
Selo Fiscal:
UNION POSTAL UNIVERSAL: https://i.colnect.net/b/4356/844/Coat-of-Arms-Lion.jpg
Brasão de Armas sem o leão: https://i.colnect.net/b/2295/286/National-emblem.jpg
Serviço Oficial: https://i.colnect.net/b/7373/857/National-emblem---overprinted-OFICIAL.jpg
Descobrimento da América: https://swmedia-4cd6.kxcdn.com/media/catalogue/Paraguay/Postage-stamps/S-s.jpg
Serviço Telegráfico: https://i.colnect.net/b/8204/263/Seal-of-Paraguay.jpg
“Habilitado” Leão: https://i.colnect.net/b/2296/460/Surcharged.jpg
“Habilitado” Palácio: https://i.colnect.net/b/2296/461/Surcharged.jpg
Correio Aéreo: https://i.colnect.net/b/2298/067/Official-stamps-of-1913-Surcharged.jpg
“Campaña” Constituição: https://i.colnect.net/b/2296/781/Parliament-building.jpg
“Campaña” San Bernardino: https://i.colnect.net/b/2301/282/View-of-San-Bernardino.jpg
Fontes de pesquisa:
https://infoescola.com/paraguai/historia-do-paraguai/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasão_de_armas_do_Paraguai
https://rpsl.org.uk/rpsl/Displays/Handouts/DISP_20181004_001.pdf
https://selosdobrasilfilatelia.blogspot.com/2020/10/os-selos-paraguaios-para-uso-no-interior.html
https://selosdobrasilfilatelia.blogspot.com/2020/11/as-series-paraguaias-do-leao-sentinela.html
https://upu.int/en/Universal-Postal-Union/About-UPU/Member-Countries?csid=-1&cid=233#mb--1
Artigos:
García Riart, J. (2020). Deposiciones de postas en el Paraguay. Tres situaciones símiles en tres épocas distintas con tufo a “orden superior”. Revista de Historia Americana y Argentina, 55 (2), pp. 35-56.
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