TRICENTENÁRIO DE BELÉM
A cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará, como tantas outras povoações coloniais portuguesas nos litorais do Brasil e da África, nasceu da necessidade de uma fortaleza que impedisse ou, pelo menos, dificultasse as tentativas de expansão militar e comercial dos onipresentes franceses, ingleses e holandeses. O Forte do Presépio instalado em 1616, na baía de Guajará, no rio Pará, a cerca de 100 quilômetros do oceano, tinha excepcional finalidade estratégica: vigiar o estuário do Amazonas e, assim dominar a entrada do norte do continente.
Ao lado dos colonos, as ordens religiosas, desde o começo, desempenharam importante papel no desenvolvimento regional porque a atividade missionária era efetuada simultaneamente à exploração das “drogas do sertão”, que, por sua vez, proporcionaram um comércio cada vez mais florescente, Dessa expansão religiosa, empresarial e política, em breve resultaria (1671) a fundação de Manaus. Em meados do século XVIII (1751), a política pragmática do marquês de Pombal criou o estado do Maranhão e Grão-Pará (separado do Estado do Brasil), elegendo Belém como capital, o que deu um novo alento à cidade, pelo grande número de construções para fins civis e religiosos, criadas pelo arquiteto bolonhês Antonio Giuseppe Landi, que existem até hoje e compõem o que há de mais sugestivo da época colonial no estado do Pará. O século seguinte foi caracterizado pelo “ciclo da borracha”. O dinheiro que jorrava das seringueiras imprimiu-lhe nova configuração social e urbana, da qual resultaram importantes construções, entre as quais o Paço Municipal, o Teatro da Paz, o pitoresco Marcado Ver-o-peso, casas comerciais de grande porte e palacetes senhoriais, que, junto com suas ruas arborizadas com mangueiras, dão a Belém um aspecto todo particular. Belém é uma das cidades mais bonitas do Brasil, orlada por 39 ilhas com poucos moradores e muitos turistas. O Museu Emílio Goeldi, polo de estudos amazônicos, também abriga plantas e animais que oferecem ao visitante uma ligeira ideia da biodiversidade daquele estranho mundo das águas. A Belém-Brasília deu à cidade o que faltava: uma ligação por terra com o território nacional fora da Amazônia.