UM HOMENAGEADO POUCO CONHECIDO - ENGENHEIRO ADÉL PINTO


UM HOMENAGEADO POUCO CONHECIDO - ENGENHEIRO ADÉL PINTO

JOSÉ PAULO BRAIDA LOPES

APRESENTAÇÃO:

Uma personalidade pouco conhecida, que foi homenageado por um selo comemorativo em 1960 (RHM C0448), é o Engenheiro Adél.

 

Quem foi Adél Pinto???.

Realizamos várias pesquisas na internet mas pouquíssimas informações foram encontradas. Com a ajuda de Luiz Gonzaga Amaral Júnior, de Divinópolis/MG e pesquisas em jornais do final do século XIX e inicio do século XX, outras informações foram incorporadas para servirem de base para a Biografia a seguir apresentada.

A revista semanal “Maquis”, que era publicada na época da emissão do selo, e tinha uma coluna filatélica escrita por Vicente Santana, publicou em duas edições da revista artigos polêmicos sobre o selo do Engº Adél, que são reproduzidas (com ortografia atualizada) após a Biografia.

Para concluir são incluídas algumas observações sobre o selo que servem para registro.

BIOGRAFIA DO ENGENHEIRO ADÉL BARRETO PINTO

Adél Barreto Pinto nasceu em 12 de junho de 1859 em São Gabriel no Rio Grande do Sul. Em 1873 muda para o Rio de Janeiro e matricula-se na Escola Militar fazendo o curso das três armas. Depois entra para Escola Polytechnica e em 1884 forma-se em Engenheiro Civil. Depois de formado e então primeiro tenente de artilharia, deixou o exército em 1887 para se dedicar exclusivamente à engenharia civil, especializando-se na área da eletricidade. Em 1894 passa a ser engenheiro da Estrada de Ferro Central do Brasil, onde ficou até sua morte. É autor de várias descobertas e invenções patenteadas no final do século XIX e no início do século XX. A sua grande invenção foi o

denominado “Sistema de Bloqueio Adél” ou “Block System Adél”, com patente em diversos países da América, Europa e no Brasil e que constitui em um sistema formado por uma combinação de aparelhos (semáforos, cabines de aviso, relays) destinados a garantir a circulação de trens em geral. O invento recebeu o grande prêmio da Exposição Nacional de 1908. Pertence a ele também, entre outras, as invenções: “O processo de conservar carnes” de 1895 e “Manutenção, esterilização e transporte de produtos lácteos, sucos e vinhos” de 1906. Adél Pinto morreu na cidade do Rio de Janeiro em 20 de abril de 1927. Como curiosidade: no início do século XX, Aurélio Cavalcanti (1874-1916) compôs a valsa “Caprichosa”, dedicada “Ao distincto amigo Dr. Adél Barreto Pinto”.

A POLÊMICA DA EMISSÃO DO SELO

Engenheiro Adel vai ser selo

(Publicado na revista MAQUIS de 15 de agosto de 1959 na coluna MAQUIS FILATELISTA de Vicente Santana).

O ex-deputado Barreto Pinto conseguiu autorização do ex-ministro da Viação – Lúcio Meira – para a emissão de um selo comemorativo ao 100º aniversário de nascimento de seu pai, engenheiro Adel Barreto Pinto.

A filatelia no Brasil se ressente da falta de um programa antecipado das emissões de selos para homenagear datas e personagens ilustres e conhecidas.

O público ao portear sua correspondência, dificilmente poderá entender ou explicar o que figura o selo. Por exemplo: no selo emitido em 16 de julho p.p., “Comemorativo do Bicentenário da Ordem do Carmo”, o desenho representa: “Ao centro, destaca-se do fundo linhado horizontalmente, uma perspectiva do majestoso órgão existente na igreja de N. S. do Carmo, em Diamantina, no estado de Minas Gerais” ... – Esta descrição está no edital nº 28/59, publicada no Diário Oficial, de 14 de julho.

Um selo com o órgão de Diamantina – dia 16 – e outro selo do Bispo de Diamantina – dia 20 – autorizados diretamente pelo Sr. Juscelino Kubitschek, natural daquela cidade.

A instalação da já criada Comissão Filatélica (Decreto nº 44.745 de 24 de outubro de 1958) poderá sanar essas irregularidades. O Brasil possui inúmeras e importantes Sociedades Filatélicas que poderão dar o seu concurso, a sua opinião abalizada, a sua

orientação técnica, a criação de um programa antecipado para emissões de selos, sem criar ônus para os cofres da nação.

A emissão do selo em homenagem ao 100º aniversário de nascimento do engenheiro Adel Barreto Pinto deverá dar-se ainda este mês, na taxa de Cr$ 11,50.

O processo tem o número 77.774/58 e entre as justificativas para emissão do selo Engº Adel, estão a de ter sido o criador de um sistema de sinalização de trens, engenheiro da E.F.C.B., já havendo uma estação com o seu nome no Estado do Rio.

Não há impedimento contra este selo: a homenagem poderá ser feita. Um homem público que se destaca, pode ser perpetuado num selo.

Primeiramente, porem, deveriam ser homenageados vultos brasileiros como Aloisio Azevedo, Álvaro Alvim, Ana Neri, Artur Azevedo, Barão de Mauá, Cardoso Fontes, Carlos Chagas, Graça Aranha, José de Alencar, Paulo de Frontin, Visconde do Rio Branco, Washington Luiz, e inúmeros outros nomes conhecidíssimos pelos relevantes serviços prestados ao Brasil, que ainda não foram lembrados nos selos.

O que é preciso é acabar com o sistema adotado pelo Presidente da República e pelo ministro da Viação, de emitir selos a pedido de amigos ou por motivos políticos, preterindo os mais merecedores. Para os Jogos Infantis e para os Jogos da Primavera já estão autorizados até 1961.

Próximas Emissões Brasil

(Publicado na revista MAQUIS de 19 de março de 1960 na coluna MAQUIS FILATELISTA de Vicente Santana).

No dia 19 do corrente será emitido um selo de Cr$ 11,50 em homenagem ao engenheiro Adel Pinto, pai do deputado Barreto Pinto.

O selo comemora o centenário de nascimento transcorrido em 1959.

Características do selo

Taxa: Cr$ 11,50

Cor: laranja alaranjado

Desenho: Bernardino Lancetta

Papel filigranado “Brasil Estrela Correio”

Tiragem: 5 milhões em folhas de 50 selos

MAQUIS FILATELISTA – com absoluta primeira mão noticiou e comentou a saída deste selo. Não somos contra a homenagem ao engenheiro Adel. O que devemos é perpetuar nos selos os brasileiros que com maior projeção se destacaram nas letras, nas artes, na medicina, na política e que até hoje não tiveram seus retratos em vinhetas postais.

OBSERVAÇÕES

O porte de Cr $ 11,50 se referia a primeira faixa (até 5 gramas) de cartas aéreas para o exterior para os países do Grupo III, que englobava Europa (exceção a Portugal e Espanha), África e Ásia.

-O selo estava inicialmente programado para ser emitido em agosto de 1959 (ano do centenário de nascimento do Engº Adél), mas só ocorreu em março de 1960.

-No edital do selo (6/60 de 9 março de 1960) indicava a filigrana “Brasil Estrela Correio” mas foi emitido na filigrana “Casa +”.

-No catálogo RHM 2019, na página 283, o ano do falecimento do Engenheiro Adél está errado. O correto é 1927 e não 1921.

-Em parte do artigo (Apresentação, Biografia e Observações) foi utilizado o nome Adél acentuado, conforme gravado no selo C0448. No restante (reprodução – com ortografia atualizada - do artigo de Vicente Santana) o nome Adel está sem acento, seguindo o texto do autor reproduzido.

 

AGRADECIMENTOS: Luiz Gonzaga Amaral Júnior, Márcio Javaroni e Reinaldo Macedo.

FONTES: Catálogo RHM, http://www.ferrovias.com.br/portal/coluna-filatelica/,

http://blogdosinventores.com.br/sistema-de-bloqueio-adél/,

http://www.neglectedscience.com/alphabetical-list/p/adél-barreto-pinto,

https://imslp.org/wiki/Caprichosa_(Cavalcanti%2C_Aur%C3%A9lio),

https://ru.wikipedia.org/wiki/%D0%91%D0%B0%D1%80%D1%80%D0%B5%D1%82%D1%83_%D0%9F%D0%B8%D0%BD%D1%82%D1%83,_%D0%90%D0%B4%D0%B5%D0%BB%D1%8C,

http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx.

 

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