VISITA DO REI ALBERTO DA BÉLGICA

 VISITA DO REI ALBERTO DA BÉLGICA

Num domingo, a 19 de setembro de 1920, desembarcaram no Rio de Janeiro, Alberto I e a rainha Elizabeth, reis da Bélgica. Vinham a convite do presidente Epitácio Pessoa, transportados pelo cruzador brasileiro São Paulo, parcialmente transformado em transatlântico de luxo, com banda militar, quarteto de cordas, sessões de cinema, que incluíam documentários sobre o Brasil, e um serviço de bordo digno de Reis. Primeiros soberanos europeus a visitar o Brasil desde a Independência, os reis da Bélgica tiveram recepção entusiástica sem precedentes, das autoridades e do povo, principalmente porque o rei Alberto, muito popular também em seu país, era cercado da admiração dedicada aos heróis por sua atuação durante a Primeira Guerra Mundial, recém-terminada, em 1918. O objetivo da visita era incrementar relações comerciais e culturais com o Brasil, o que foi feito através de vários acordos e declarações de intenções. Mas foi a parte visível da visita que empolgou tanto os brasileiros como os visitantes. Até o dia 16 de outubro, data do embarque para a volta, também no São Paulo, a comitiva fez um roteiro pesado de festas, banquetes, homenagens, passeios e discursos: Rio de Janeiro, Teresópolis, Petrópolis, Belo Horizonte, Morro Velho, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Claro, Ribeirão Preto, Santos e Rio de Janeiro, tudo de trem. Suas majestades não tiveram muita sorte durante a primeira semana no Rio de Janeiro, com tempo nublado e chuva, o que não os impediu de ir à praia de manhã, nem ao rei, incógnito, de dedicar um dia para explorar a cidade. No roteiro oficial foi incluída até uma partida de futebol no campo do Fluminense. De ida a Ribeirão Preto, para conhecer uma fazenda de café e uma usina de açúcar, também fez parte um match de football, como se dizia na época. A presença da multidão foi uma das coisas que mais impressionaram a comitiva: na tarde dedicada às corridas no jóquei Clube do Rio de Janeiro, calculou-se o comparecimento de 50 mil pessoas.

Resultados importantes da visita apareceram em novembro do mesmo ano: a abertura, pelo Brasil, de um crédito de 100 mil contos de réis para a importação pela Bélgica de produtos brasileiros e a redução tarifária para uma lista de produtos industriais belgas, o que provocou protesto oficial do governo inglês.